segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Poema à boca fechada

Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

(Saramago)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

My life without me


Agora vejo as coisas claramente...
Vejo todas essas vidas emprestadas,
Vozes emprestadas
Gente por toda a parte
Olho para as coisas que eu ia comprar
Agora eu já nem quero comprar
Todas essas coisas nas vitrines brilhantes
Todos os modelos nos catálogos
Todas as cores, as ofertas especiais
As receitas de televisão
Aquele monte de comida gordurosa

Tudo está ali para nos afastar da morte

E não funciona.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Quando eu for uma mulher idosa serei livre


Quando eu for uma mulher idosa,
vou usar a cor roxa,
com um chapéu vermelho que não me fica bem e não me serve.

E gastarei o dinheiro da minha pensão em doces,
revistas em quadrinhos,
e direi que não temos dinheiro para a manteiga.

Vou sentar-me na calçada quando estiver cansada
Passar minha bengala pelas grades dos jardins públicos
E maquilar-me para a sabedoria de minha juventude
Vou sair de chinelos na chuva
E arrancar flores do jardim dos outros
E aprender a cuspir

Penso só:
Você pode usar camisas horríveis e ficar mais gordo
E comer um quilo de salsicha de uma vez
Ou somente pão com margarina durante uma semana
E poderá amontoar canetas, lápis,
suportes para copos e outras coisas em caixas

Mas agora precisamos ter roupas que nos mantenham secos
Pagar nosso aluguel e não praguejar nas ruas
E dar bom exemplo às crianças
Precisamos convidar amigos para o jantar e ler jornais

Mas talvez eu deva praticar um pouco agora
De modo que as pessoas que me conhecem não
fiquem muito chocadas e surpresas
quando eu ficar velha e começar a usar a cor roxa.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Lixo e purpurina


"minha aparência é péssima, a mente e o corpo exaustos. Mas existe uma tranquilidade estranha. Não tenho mais nada a perder. Não sabia que o mundo era assim duro e sujo. Agora sei. Tenho apenas essa consciência, que só a loucura ou uma lavagem cerebral poderiam turvar. sobrevivo todos os dias à morte de mim mesmo. Sinto como uma virilidade correndo no sangue."

Fora da roda


"Fora da roda, montada na minha loucura. Parada pateta ridícula porra-louca solitária venenosa. Pós-tudo, sabe como? Darkérrima, modernésima, puro simulacro. Dá minha jaqueta, que faz um puta frio lá fora e quando chega essa hora da noite eu me desencanto. Viro outra vez aquilo que sou todo dia, fechada sozinha perdida no meu quarto, longe da roda e de tudo: uma criança assustada."

Caio F.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Me perturbava


"Tudo isso me perturbava porque eu pensara até então que, de certa forma, toda minha evolução conduzira lentamente a uma espécie de não-precisar-de-ninguém. Até então aceitara todas as ausências e dizia muitas vezes para os outros que me sentia um pouco como um álbum de retratos. Carregava centenas de fotografias amarelecidas em páginas que folheava detidamente durante a insônia e dentro dos ônibus olhando pelas janelas e nos elevadores de edifícios altos e em todos os lugares onde de repente ficava sozinho comigo mesmo. Virava as páginas lentamente, há muito tempo antes, e não me surpreendia nem me atemorizava pensar que muito tempo depois estaria da mesma forma de mãos dadas com um outro eu amortecido — da mesma forma — revendo antigas fotografias. Mas o que me doía, agora, era um passado próximo. "

Caio F.

Roda da vida


"Como se eu estivesse por fora do movimento da vida. A vida rolando por ai feito roda gigante, com todo mundo dentro e eu aqui parada, pateta senta num bar. Sem fazer nada, como se tivesse desaprendido a liguagem dos outros. A liguagem q eles usam pra se comunicar quando rodam assim e assim por diante nessa roda-gigante. Você tem um passe pra roda gigante, uma senha um código, sei lá. Você fala qualquer coisa tipo bá, por exemplo, então o cara deixa você entrar, sentar e rodar junto com os outros. Mas eu fico sempre do lado de fora. Aqui parada, sem saber a palavra certa, sem conseguir adivinhar. Olhando de fora, a cara cheia, louca de vontade de estar lá, rodando junto com eles nessa roda idiota..."

Caio F. Abreu

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Emocional-racional


"[...] Os sentimentos não podem continuar confinados ao terreno do inefável, do inexprimível, enquanto a razão ostenta uma certa assepsia emocional, apatia que a coloca acima das realidades mundanas. A separação entre razão e emoção é produto do torpor e do analfabetismo afetivo a que nos levaram um império burocrático e generalizador que desconhece por completo a dinâmica dos processos singulares"

(Luís Carlos Restrepo)

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Palavras vazias


“tantas palavras vazias a meia luz; tem um deserto dentro de mim pra naufragar; não é verdade que eu minto pra te machucar; apenas interpreto pra sobreviver; você me procura quando não quer existir; agora o tempo passa bem devagar; o mundo não merece minha compaixão, mas vou insistir assim mesmo até o fim”

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Entre mim e eu


"Não é que vivo em eterna mutação, com novas adaptações a meu renovado viver e nunca chego ao fim de cada um dos modos de existir. Vivo de esboços não acabados e vacilantes. Mas equilibro-me como posso, entre mim e eu, entre mim e os homens, entre mim e o Deus."

Clarice Lispector

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Outra


Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras.
Sou irritável e firo facilmente.
Também sou muito calmo e perdôo logo.
Não esqueço nunca.
Mas há poucas coisas de que eu me lembre.


C. Lispector.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Pra pensar...


“Sempre nos queixamos de que nossos dias são poucos, mas nos conduzimos como se eles nunca acabassem” (Sêneca).

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Me encontro...


Eu me encontro
no que julgava perdido
e me subdivido no encontro
sem mais julgar...
Me encontro
em uma forma de amar
e sem forma amo
ao me encontrar...
Me encontro
onde muitos se perdem
e me perco
onde tantos se encontram...
E neste jogo
de achar ou perder
de pegar ou largar
de procurar
de se encontrar...
Acabo encontrando
quando paro
já cansada de procurar
Medito...
e centrada em mim
me vendo mesmo assim
assim como sou
ou como penso ser...
Entre buscas
reluz
uma ponta de esperança
um fio de mudança
constante em minha vida
por sempre procurar...

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Tempo...

"Tempo, tempo mano velho,
falta um tanto ainda eu sei
Pra você correr macio
Como zune um novo sedã

Tempo amigo seja legal
Conto contigo pela madrugada
Só me derrube no final"

(Fernanda Takai)

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Cada um...

"Cada um que passa em nossa vida passa sozinho, pois cada pessoa é única, e nenhuma substitui outra. Cada um que passa em nossa vida passa sozinho, mas não vai só, nem nos deixa sós. Leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam muito; mas não há os que não levam nada. Há os que deixam muito; mas não há os que não deixam nada. Esta é a maior responsabilidade de nossa vida e a prova evidente que duas almas não se encontram ao acaso." (Antoine De Saint-Exupery)

"Eu te amo"... Não diz tudo!

Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente.


Você sabe que é amado(a) porque lhe disseram isso?

A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e palavras.
Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida,
Que zela pela sua felicidade,
Que se preocupa quando as coisas não estão dando certo,
Que se coloca a postos para ouvir suas dúvidas,
E que dá uma sacudida em você quando for preciso.
Ser amado é ver que ele(a) lembra de coisas que você contou dois anos atrás,
É ver como ele(a) fica triste quando você está triste,
E como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d'água.

Sente-se amado aquele que não vê transformada a mágoa em munição na hora da discussão.
Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente inteiro.
Aquele que sabe que tudo pode ser dito e compreendido.
Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é,
Sem inventar um personagem para a relação,
Pois personagem nenhum se sustenta muito tempo.

Sente-se amado quem não ofega, mas suspira;
Quem não levanta a voz, mas fala;
Quem não concorda, mas escuta.



(Arnaldo Jabour)

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Demente


"O amor é o objetivo último de quase toda a preocupação humana, é por isso que ele influencia nos assuntos mais relevantes, interrompe as tarefas mais sérias e por vezes desorienta as cabeças mais geniais"

Schopenhauer

terça-feira, 19 de agosto de 2008

"Você é emocionalmente cega. Usa as palaras corretas, ensina o comportamento certo, mas os sentimentos nunca surgem" Dexter Morgan

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Na real

"A desilusão com as pessoas é algo bom, porque destrói nossas falsas espectativas de perfeição" Dietrich Bonhoeffer

Boneca de cera


O Kinder, digo Gian, tem razão!
Eu estou parecendo uma boneca de cera nesta foto.
Acho que é o estado de espírito rsrs


'Você não é mais a mesma
Você mudou pra valer
E o sorriso dos seus lábios não terei
Eu sinto um frio que vem de seu coração,
mesmo nesse sol de verão
Apenas um suspiro e um olhar perdido
Por que as coisas são assim!?
Estamos perto um do outro, mas você esta longe de mim
É tão fácil, mas é impossível dizer
Foi o tempo que tomou suas palavras
E hoje você parece uma boneca de cera
Com sua cara triste, não sente os pingos da chuva'

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Tédio


Esse era para outro momento, mas só o achei agora. Então, lá vai...

"Passo pálida e triste. Oiço dizer:
- Que branca que ela é! Parece morta!
E eu que vou sonhando, vaga, absorta,
Não tenho um gesto, ou um olhar sequer...

Que diga o mundo e a gente o que quiser!
-O que é que isso me faz?... O que me importa?...
O frio que trago dentro gela e corta
Tudo que é sonho e graça na mulher!

O que é que isso me importa?! Essa tristeza
É menos dor intensa que frieza,
É um tédio profundo de viver!

E é tudo sempre o mesmo, eternamente...
O mesmo lago plácido, dormente...
E os dias, sempre os mesmos, a correr..."

(Florbela Espanca)

Para quê?!



Tudo é vaidade neste mundo vão...
Tudo é tristeza; tudo é pó, é nada!
E mal desponta em nós a madrugada,
Vem logo a noite encher o coração!

Até o amor nos mente, essa canção
Que o nosso peito ri à gargalhada,
Flor que é nascida e logo desfolhada,
Pétalas que se pisam pelo chão!...

Beijos d'amor! P'ra quê?!... Tristes vaidades!
Sonhos que logo são realidades,
Que nos deixam a alma como morta!

Só acredita neles quem é louca!
Beijos d'amor que vão de boca em boca,
Como pobres que vão de porta em porta!...

(Florbela Espanca)

quarta-feira, 30 de julho de 2008

O egoísmo unifica os insignificantes


“Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento.
Uma pessoa é enorme para você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, e quando olha nos olhos e sorri destravado.
É pequena para você quando só pensa em si mesma, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: amizade, respeito, zelo e até mesmo amor.
Uma pessoa é gigante para você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto com você.
E pequena quando desvia do assunto.
Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma.
Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.
Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas.
Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia grande.
Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.
É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações.
Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma.
O egoísmo unifica os insignificantes.
Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande, é a sua sensibilidade sem tamanho."

(William Shakespeare)


"é difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos."

Démodé


Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que
disserem, o mal do século é a solidão".
Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma.
Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.
Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas e saem sozinhas.
Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível.
E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém dúvida?
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormirem abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.
Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção.
Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos ORKUT, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!" Unindo milhares ou melhor milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos.
Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa.
Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.
Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí?
Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele.
Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".
Antes idiota que infeliz!
(Arnaldo Jabor)

Porque no fim nós morremos sozinhos



"Com o tempo você vai descobrindo o que vale ou não a pena.
No que você deve ou não acreditar.
Você percebe que ser racional te faz sofrer bem menos do que agir com o emocional.
Você vê que confiança só pode ser depositada depois de muito tempo.
Que você só deve acreditar também depois de muito tempo.
Aliás, tem vezes que é melhor nem acreditar.
Antes se surpreender do que se decepcionar.
Você acaba conhecendo pessoas que são melhores do que você esperava, e pessoas que são muito piores.
Esse segundo tipo é pior.
É ruim quando você cria milhões de expectativas sobre alguém, e a pessoa não é nada daquilo. Ou quando você luta tanto pra conseguir algo, e que quando consegue não vê graça, entende!?
O tempo vai passando e você começa a ver que na verdade nada importa.
Que independente do que você passar, tudo um dia volta à estaca zero.
Não sei ao certo se existe felicidade.
Mesmo vendo pessoas “felizes”, sabe-se que a maioria já sofreu, sofre, ou vai sofrer.
A diferença é como você lida com as coisas boas e ruins que te acontecem.
Você aprende a não colocar tanta esperança em coisa alguma.
Nas pessoas principalmente.
A gente cresce, e é duro entender que só se amadurece com o sofrimento.
Que aquela noite fria, em que você passou em claro com o vento quase congelando seu rosto e você nem ligando.
Aquela noite que você a chorou inteira por algum tipo de decepção.
Aquele dia que você não teve a mínima força pra se levantar da cama.
Ou até aquele dia que você fez todos seus compromissos mas com a cabeça tão longe de tudo. Que tudo isso vai servir de aprendizado.
Na hora você acha que não vai resistir, que levaram um pedaço de ti, e que ele nunca vai se reconstruir.
Às vezes pensa até que vai morrer.
Com aquele aperto no peito que te dificulta até respirar.
Mas depois você vê que um dia passa.
Tudo passa.
Não importa como, nem por que.
Mas um dia, ou muda ou passa.
E depois de tantas quedas, de tantas lágrimas, de tantas rasteiras, você percebe que a vida é cheia dessas coisas.
Que você nunca vai estabilizar uma felicidade.
Que as coisas nunca vão ser exatamente como você achava que elas deveriam ser.
Você vê que nem todos são iguais a você, nem todos tem os mesmos valores, as mesmas idéias, nem teriam as mesmas atitudes que você.
E você acha um absurdo quando alguém te decepciona de tal forma, você quer lutar, você vence seu orgulho, seu amor próprio, você quer desabafar, pra ver se essa pessoa começa a pensar como você.
E quando ela simplesmente ouve e continua igual ou pior.
Você vê que não vale a pena.
Não vale a pena se doar por inteiro a alguém ou a alguma coisa.
Uma hora ou outra ela vai te desapontar.
E toda a esperança, confiança, amor que você apostou?
Você guarda pra si.
Você sofre em silêncio, você grita apenas dentro do teu peito.
Porque é assim que as coisas são.
Ninguém vai tomar suas dores, ninguém vai decidir por você, ninguém pode tirar seu sofrimento, ou te fazer amar mais, ou menos.
Porque no fim nós morremos sozinhos".

[Beck  in Eternal Sunshine Of The Spotless Mind]

Omissão de amor


[Rupert Everett, o amigo gay da Julia Roberts, a aconselha.]

George -Você realmente o ama ou trata-se apenas de vencer ?
Jules -Estar com ele é tão maravilhoso e é horrível!
George- É incrível a clareza que acompanha o ciúme psicótico .
George -Diga a ele. Diga que o ama desde a primeira vez que o viu... mas tinha medo do amor. Diga que tinha medo de precisar.
Jules -Como assim precisar?
George -Precisar pertencer a alguém. Todos nós temos medo. I'm sorry.
Jules -Dizer toda a verdade?

Quando ela finalmente toma coragem para contar toda a verdade, ele [o amor da vida dela] a interrompe para lhe contar eufôrico que vai se casar [não com ela, claro]...

Ó vida, é sempre assim msm rsrs

Ela fecha a porta do quarto e escorrega pela parede do corredor como quem não pode suportar de pé a própria dor, começa fumar desesperadamente, passa um carregador de bagagem e alerta que é um andar para não fumantes, ela chora, ele ajoelha em sua frente, dá um trago e diz: “Isso também vai passar.”

(Cenas do filme 'O casamento do meu melhor amigo')

Estou perdida!


Com tudo que tem acontecido, não me restam alternativas...
Devo parafrasear Dexter novamente.

'E agora todos os meus segredos estão flutuando em direção à superfície.
Onde está a garota calculista, controlada e eficaz?
Como eu a perdi?
E como a encontro de novo?'

Para onde vamos daqui?


Para onde vamos daqui?
As palavras estão saindo todas estranhas
Onde está você agora que eu preciso?

Sozinha em um avião
Dormindo contra o vidro
Meu sangue se espessará.
Preciso me lavar de novo para esconder toda a dor
Porque eu me apavoraria se não houvesse nada por baixo
E quem são meus verdadeiros amigos?
Estou realmente afundando nesta depressão?

Oh não
Nós não temos nenhum amigo de verdade
E eu estou mentindo em um bar com minha bebida gelada
Conversando com um estranho, esperando que algo aconteça

Para onde vamos daqui?
O planeta é uma canhoneira em um mar de medo
E onde está você?
Eu quero fazer parte da Raça Humana, eu quero viver e respirar

Para onde vamos daqui?
As palavras estão saindo todas estranhas
Onde está você agora que eu preciso?

(Radiohead)

Let Down


Transporte, rodovias e linhas de trem,
começam e então terminam,
decolam e aterrissam,

o mais vazio dos sentimentos,
desapontando pessoas, agarrando-se em garrafas,
e quando vem é assim, assim, desapontamento.

Desapontando e se pendurando por aí,
esmagado como um inseto no chão.
Desapontando e se pendurando por aí,

Concha esmagada, sucos fluindo
asas crispando, pernas indo,
não seja sentimental, isso sempre termina em conversa fiada.
Um dia eu terei asas,
uma reação química,
histérico e inútil
histérico e

Desapontando e se pendurando por aí,
esmagado como um inseto no chão.
Desapontando e se pendurando por aí,

Desapontar,
Desapontar,
Desapontar.

Você sabe, você sabe onde você está,
você sabe onde você está,
chão desmoronando, desabando, quicando
e um dia, eu terei asas,
uma reação química, você sabe onde você está,
histérico e inútil, você sabe onde você está,
histérico e, você sabe onde você está,

Desapontando e se pendurando por aí,
esmagado como um inseto no chão.
Desapontando e se pendurando por aí.

(Radiohead)

Sorrir


Quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos, vazios
Sorrir
Quanto tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador
Sorrir
Quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados, doloridos
Sorrir
Vai mentindo a tua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz.

(Charles Chaplin)

segunda-feira, 28 de julho de 2008

...Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim, nem que eu faça a falta que elas me fazem.
O importante pra mim é saber que, em algum momento, fui insubstituível... E que esse momento será inesquecível...

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Longe do meu lado


Se a paixão fosse realmente um bálsamo
O mundo não pareceria tão equivocado
Te dou carinho, respeito e um afago
Mas entenda, eu não estou apaixonado

A paixão já passou em minha vida
Foi até bom mas ao final deu tudo errado
E agora carrego em mim
Uma dor triste, um coração cicatrizado

E olha que tentei o meu caminho
Mas tudo agora é coisa do passado
Quero respeito e sempre ter alguém
Que me entenda e sempre fique ao meu lado
Mas não, não quero estar apaixonado.

A paixão quer sangue e corações arruinados
E saudade é só mágoa por ter sido
Feito tanto estrago
E essa escravidão e essa dor
Não quero mais

Quando acreditei que tudo era um fato consumado
Veio a foice e jogou-te longe
Longe do meu lado

Não estou mais pronto para lágrimas
Podemos ficar juntos
E vivermos o futuro, não o passado
Veja o nosso mundo

Eu também sei que dizem
Que não existe amor errado
Mas entenda, não quero estar apaixonado.
Achei um 3x4 teu e não quis acreditar
Que tinha sido a tanto tempo atrás...

Only Soul


"Nesse momento há 6 bilhões, 470 milhões, 818 mil, 671 pessoas no mundo
Algumas estão fugindo assustadas.
Algumas estão voltando pra casa.
Algumas dizem mentiras pra suportar o dia.
Outras estão somente agora enfrentando a verdade.
Alguns são maus indo contra o bem.
E alguns são bons lutando contra o mal.
Seis bilhões de pessoas no mundo,
Seis bilhões de almas...
E ás vezes tudo que nós precisamos é apenas uma!"

(one tree hill)

'I'm just killing time, time's killing me'


Sentada Refletindo, eu sinto que o fim começou
Parece que meus dias, agora refletem o pôr do sol.
Tantos lugares, que estive.
Essa caminhada foi longa, parece tão pequena em termos de agora
e então

De tudo que foi,
E tudo que é
E tudo que será
Senhor, estou apenas matando tempo, e o tempo está me matando.

Garota morta respirando, apenas ocupando espaço
Dura e seca, como as linhas em seu rosto
Garota morta respirando, minha consciência é vazia
O forro de minha alma é despedaçado, mas eu não ligo

De tudo que foi,
E tudo que é
E tudo que será
Senhor, estou apenas matando tempo, e o tempo está me matando.

(Zakk Wylde)

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O que nos liga...


"Ideologias nos separam, sonhos e angústias nos unem." (Eugène Ionesco)

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Que droga...


"Por vezes algo que não conseguimos explicar surpreende-nos, arrasta-nos e obriga-nos a amar." (Corneille)

Qualquer bobagem


Chegue perto de mim
Não precisa falar
Encha o meu copo,
Não queira me agradar
Queira, queira.

Não decida, nem pense
Não negue, nem se ofereça
Não queira se guardar
Não queira se mostrar
Queira, queira.

Escute esta canção
Ou qualquer bobagem
Ouça o coração, que mais?
Sei lá!


(Os Mutantes)

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Me perdi...


'E agora todos os meus segredos estão flutuando em direção à superfície.
Onde está a garota calculista, controlada e eficaz?
Como eu a perdi?
E como a encontro de novo?'

[Parafraseando Dexter Morgan]

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Tempos como esses


'Eu sou uma estrada de mão única
Eu sou uma estrada que dirige pra fora
Então sigo você de volta pra casa
Eu sou uma luz da rua iluminando
Eu sou uma luz branca brilhante a piscar

São em tempos como esse que você aprende a viver de novo
São em tempos como esse que você aprende a dar e dá de novo
São em tempos como esses que você aprende a amar de novo
São em tempos como esses repetidamente

Eu sou um novo dia chegando
Eu sou um céu novinho
Para levantar as estrelas hoje à noite
Eu estou um pouco dividido
Eu fico ou saio fora? E deixo isso tudo pra trás?

São em tempos como esse que você aprende a viver de novo
São em tempos como esse que você aprende a dar e dá de novo
São em tempos como esses que você aprende a amar de novo
São em tempos como esses repetidamente'

Dave Grohl

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Máscara


"As vezes eu me pergunto como seria se tudo que eu nego e escondo dentro de mim fosse revelado. Mas eu nunca saberei, vivo minha vida no anonimato, minha sobrevivência depende disso" Dexter Morgan

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Continuar apanhando


"Deixa eu te falar uma coisa que você já sabe. O mundo não é todo colorido e feliz. É um lugar muito ruim e sujo, que vai te socar até você ficar de joelhos e vai te manter assim permanentemente se você deixar. Você, eu, nem ninguém bate tão forte quanto a vida. Mas não se trata de quão forte você pode bater; se trata de quanto você consegue aguentar, e continuar indo para a frente. É disso que a vitória é feita. Agora, se você sabe que você merece, então vá e pegue o que você merece. Mas você tem que ir querendo levar a porrada, não apontando dedos dizendo que você não está onde você quer por causa dele, dela ou de ninguém. Covardes fazem isso e isso não é você. Você é melhor que isso".

Rocky Balboa

quarta-feira, 9 de julho de 2008

o último dia


No mês que vem tudo vai melhorar
só mais alguns anos e o mundo vai mudar
ainda temos tempo até que tudo exploda
quem sabe quanto vai durar

Não deixe nada pra depois, não deixe o tempo passar
não deixe nada pra semana que vem
porque semana que vem pode nem chegar

Esse pode ser o último dia de nossas vidas
última chance de fazer tudo ter valido a pena
diga sempre tudo que precisa dizer
arrisque mais, pra não se arrepender
nós não temos todo o tempo do mundo
e esse mundo já faz muito tempo
o futuro é o presente e o presente já passou

A Onda


"Força não há
Capaz de enfrentar
Uma idéia cujo tempo tenha chegado

A força não é
Capaz de salvar
Uma idéia cujo tempo tenha passado

Pra pegar a onda tem que estar
Na hora certa num certo lugar
Pra pegar a onda, deixa estar
Deixa a onda te pegar
Deixa a onda te levar

Pra pegar a onda tem que estar
Surfando karmas & DNA
Não dá pra domar a força do mar
Deixa a onda te pegar
Deixa a onda te levar"

Humberto Gessinger

segunda-feira, 7 de julho de 2008

I was so far away

Been running from this feeling for so long
Eu tenho fugido destes sentimentos por muito tempo
Telling my heart I didn't need it
Dizendo ao meu coração que eu não precisava
Pretending I was better off alone
Fingindo estar melhor sozinha
But I know that it's just a lie
Mas eu sei que isso é apenas uma mentira
So afraid to take a chance again
Tão medrosa para dar uma nova chance
So afraid of what I feel inside
Tão medrosa do que sinto lá dentro



Leigh Nash


sábado, 5 de julho de 2008

I'm wating on the sunshine...


I'M GOING NOWHERE
Estou indo pra nenhum lugar
AND I'M GOING TO TAKE MY TIME
E estou tentando conseguir minha vez
ALL THE QUESTIONS IN THE WORLD I CAN LEAVE IN MY MIND
Todas as questões no mundo eu posso deixar em minha cabeça
I'M WAITING ON THE SUNSHINE
Estou esperando na luz do sol
THE SUNSHINE
A luz do sol

I'M WAITING FOR ANSWERS
Estou esperando respostas
I'M WAITING TO FIGURE IT OUT
Estou esperando pra ter esperanças
I TRIP ON MY CHANCES
Eu tropeço sobre minhas possibilidades
I SLIP THROUGH MY DOUBT
Eu me escondo através da minha dúvida

WELL IT SEEMS THAT MY WEAKNESS IS SOMETIMES MY ONLY STRENGTH
Bem, parece que minha fraqueza as vezes é minha única força

AND IN MY INCOMPLETENESS YOU GET YOUR WAY
E em minhas falhas você tomou seu próprio caminho

I'LL BE AROUND AND I WILL FIND MY WAY BACK DOWN
Estarei por perto e acharei meu caminho de volta

AND I'LL SEE THE SOUND OF THE SUN
Não se pode cantar o som do sol





sexta-feira, 4 de julho de 2008

Eloisa To Abelard


(O Desenho é da capa do livro de Poemas de Alexander Pope)

Nessas solidões profundas e celas horríveis
Onde a contemplação pesadamente pensativa mora
E a sempre refletiva melancolia reina
O que significa este tumulto nas veias inocentes?
Por que vaguear meus pensamentos para fora deste último retiro?
Por que meu coração sente seu já esquecido calor?
Ainda, ainda eu amo! - Veio de Abelard,
e Eloisa ainda deve honrar o nome
Querido nome fatal! Descanse sempre não revelado
Nem passe estes lábios selados em silencio sagrado
Esconda-o, meu coração -ou meu amor- naquele disfarce
Onde misturado aos deuses, a amada lembrança dele repousa:
O, não escreva, minha mão - o nome já aparece escrito - lave-o, minhas lágrimas!
Em vão, Eloisa chora e reza
O coração dela ainda dita, e sua mão obedece
Paredes implacáveis!
Suspiros arrependidos, e dores volutárias:
Vós rochas robustas!Que sagrados joelhos gastaram
Vós grutas e cavernas desgrenhadas com horríveis espinhos!
Santuários!Onde seus vigias de olhos pálidos mantêm as virgens
E santos pesarosos, aquelas estátuas, aprendem a chorar
Apesar de frio como você, imóvel, e adulto silencioso
Eu ainda não me esqueci tanto quanto uma pedra
Nada é divino quando Abelard parte
Ainda rebelde a natureza faz metade do meu coração resistir
Nem rezas nem jejuns, contêm este pulsar teimoso
Nem lágrimas, por anos, ansinadas a jorrar em vão
Logo que tuas cartas eu abro tremendo
Aquele nome bem conhecido acorda todas minhas desgraças
Oh nome para sempre triste! Para sempre querido!
Ainda respirado em sussurros, ainda conduzido por uma lágrima
Eu tambem tremo, onde eu me encontro
Alguns infortúnios perigosos seguem de perto
Linha pós linha meus olhos efusivos transbordam
Guiado por uma triste variedade de desgraças:
Agora aquecida em amor, agora murchando no teu florecer
Perdida em um convento de uma tristeza solitária!
Lá uma religiao severa apagou a chama indisposta
Lá morreram a besta da paixao, do amor e da fama
Ainda escreva, me escreva tudo, que eu possa juntar
Lamentos para teus lamentos, e suspiros em eco a ti
Nem adversários, nem sorte levam essse poder embora
E é meu Abelardo menos gentil que eles?
Lágrimas ainda são minhas, e essas não preciso poupar
Amor mas exige o que foi irradiado em rezas
Nenhuma tarefa mais feliz persegue esses olhos cansados
Ler e chorar é tudo que eles podem fazer agora
Então divida tua dor, permita esse alívio triste
Ah, mais que dividir, me dê todo o teu lamento
Os céus um dia ensinaram letras para alguns miseráveis
Alguns amantes banidos, ou algumas donzelas prisioneiras
Eles vivem, eles falam, eles respiram o que o amor inspira
Calor da alma, e fiel ao seus fogos
O desejo da virgem comunicado sem medo
Desculpe por corar, e derrame todo o coraçao
Apresse o macio coito de alma para alma
E um suspiro dos Hindus para os Polos
Vós sabes o quão inocentemente eu conheci vossa chama
Quando o amor se aproximou de mim sob o nome da amizade
Meu imaginário vos concebe em um tipo angelical
Alguma emanação da mente mais bela
Aqueles olhos sorridentes, tomando cada dia
Brilharam docemente com o dia celeste
Inocente eu olhei, o céu ouvia enquanto você cantava
E verdades divinas foram compostas por aquela língua
de lábios como aqueles, quais preceitos falharam?
Logo eles me ensinaram que não era pecado amar
De volta pelos caminhos do sentido do prazer eu corri
Nem desejei um anjo a quem o homem eu amei
Escuras e remotas as alegrias dos anjos eu vejo
Não os invejo, que os céus eu perca por vós
Quantas vezes, quando pressionada a casar, eu disse:
Amaldiçoes todas as leis menos as que o amor fez!
Amor, livre como ar, a vista das amarras humanas
Abre suas asas leves, em um momento voa
Deixe a riqueza, deixe a honra, espere a esposa.
Respeite o ato dela, e sagrada seja sua fama
Antes que a verdadeira paixão remova todas essas visões
Fama, riqueza, e honra!O que você é para o amor?
O deus do ciúmes, quando profanamos seus fogos
Aquelas incansáveis paixões inspira em vingança
E os convida a fazer mortais errados gritarem
Oue procura no amor por nada além de amar sozinho
Aos meus pés o grande mestre do mundo deve cair
Ele, seu trono, seu mundo, eu desdenho tudo!
Nem a imperatriz de César eu me dignaria a provar
Não, me faça amante do homem que amo
Se ainda houver outro nome mais livre
Melhor do que amante, me faça esse nome para vós!
Oh estado feliz!Quando um desenha a alma do outro
Quando o amor é liberdade e a natureza, lei
Tudo então é repleto, possuindo e possuído
Nenhum vazio suplicante deixado doendo no peito
Mesmo que pensamento encontre pensamento, antes parte desse lábio
E cada desejo quente floresce mútuo do coração
Isso com certeza é glória se há gloria nesse mundo
E uma vez parte de Abelardo e eu
Ai de mim, que mudança! que horrores repentinos levantam!
Um amante nu limitado e sangrando deita!
Onde, onde estava Eloise?Sua voz, sua mão.
Seu punhal, se opôs ao horrível comando
Bárbaro, fique!Aquele maldito ataque comprime
O crime foi comum, comum seja a dor
Eu não posso mais, por vergonha, por raiva contida
Deixe as lágrimas, e rubores ardentes falarem o resto
Você não pode esquecer aquele triste, solene dia
Quando vitimados deitamos aos pés de seu altar
Você não pode esquecer quais lágrimas aquele momento fez derramar
Quando, aquecida em juventude, eu me despedi do mundo
Enquanto com lábios frios eu beijei o véu sagrado
As templos todos tremeram, e as lâmpadas ficaram pálidas
Os céus quase não acreditaram nessa conquista
E os santos maravilhados ouviram minhas juras
Ainda assim, para aqueles altares assustadores enquanto eu continuava
Não na cruz meus olhos estavam fixados, mas em você:
Não na graça, na fé, amor era meu único pedido
E se eu perder vosso amor, eu perco tudo
Venha!Com vosso olhar, vossas palavras, alivie minha tristeza
Isto ainda resta para você conceder
Ainda neste peito me deixe deitar enamorada
Ainda bebo veneno delicioso de vosso olho
Ofegar em vosso lábio, e em vosso coração ser pressionada
de tudo que puder - e me deixe sonhar o resto
Ah não!Me ensine outras alegrias para estimar
Com o charme de outras belezas meus olhos parcialmente
se enchem de todo o brilho acima
E faz minha alma trocar Abelard por deus
Ah, pense pelo menos vosso rebanho merece vosso cuidado
plantas vossas mãos, e crianças vossas preces
Do mundo falso na juventude eles escaparam
Pelas vossas montanhas, selvas e desertos seguiram
Você levantou esses muros vazios, o deserto sorriu
e o paraíso foi aberto na selva
Nenhum orfão chorando viu os bens de seu pai
Nossos templos irradiam, ou roubam o chão
Nenhum santo de prata, dado por miseráveis moribundos
subornou a raiva do céu castigado
Mas tetos tão simples como a piedade poderia levantar
e apenas protestar com as honras de Marker
Nesses muros vazios barreira eterna de seus dias
Essas cúpulas cobertas de musgo com torres lotadas
Onde horríveis arcas fazem do meio-dia noite
E janelas turvas espalham uma luz solene
de vossos olhos um raio pacificador
E reflexos de glória brilharam por todo o dia
Mas agora nenhum contentamento veste a face divina
É tudo pura tristeza, ou lágrimas contínuas
Veja como eu tento a força das preces de outros
Mas porque deveria eu depender das preces de outros?
Vir a você, meu pai, irmão, marido, amigo!
Deixe tua empregada, irmã, filha irem
e todos esse nomes em um, vosso amor!
Os pinheiros escuros que se reclinam sobre as rochas
balançam alto, e murmuram para o vento oco
Os rios correntes que brilham entre as colinas
As cavernas que ecoam para os riachos rumorosos
As tempestades morrendo ofegam sobre as arvores
Os lagos que tremem para a brisa rodopiante
Nenhuma dessa cenas minha meditação socorre
ou acalma o resto da donzela visionária
Mas os bosques do crepúsculo e cavernas escuras
Corredores barulhentos, e sepulturas misturadas
Melancolia negra se assenta, e em sua volta joga
Um silêncio como que mortal, e um descanso temeroso
Sua presença obscura entristece toda a cena,
Sombreia toda flor, escurece todo verde
Afunda os murmúrios do dilúvio que cai
e respira um horror mais marrom na floresta
Aqui para sempre, sempre devo ficar
Prova triste do quanto um amante obedece
Morte, apenas a morte pode romper a última corrente
e aqui, ainda assim, minhas cinzas frias devem permanecer
Aqui todas suas fragilidades, todas as chamas resignarem
e esperar até que não haja pecado para misturar com o vosso
Ah deplorável! em vão suposta consorte de Deus
Confessa escrava do amor e de um homem
Acuda-me Céus! Mas de onde veio aquela prece?
Surgiu da piedade, ou do desespero?
Até mesmo aqui, onde repousa a esquecida castidade
O amor encontra um altar para desejos proibidos
Eu devia lamentar, mas não consigo fazer o que devo
Estou de luto pela amante, não pelo erro cometido
Vejo meu crime, que dói-me de queimadura à vista do próprio crime
Lamento antigos prazeres, e peço um novo
Agora de volta aos Céus, lamento minha última ofensa
Agora penso em ti, e amaldiçôo minha inocência
de todas as aflições já aprendidas pela amante
Esta é com certeza a ciência mais difícil de se esquecer
Como vou me libertar do pecado, mantendo o sentido
e amar o pecador, e ao mesmo tempo odiar o pecado?
Como separar o adorável! objeto do crime do próprio crime
Ou como separar penitência de amor?
Tarefa sem igual!Uma paixão pra se desistir,
Para corações tão infligidos, tão lancinados, tão perdidos como o meu
Antes que uma alma recupere seu estado de paz
Quanto deve ela amar, odiar!
Quanto deve experimentar a esperança, o desespero, a indignação, o arrependimento
A contrição, o desdém - faça tudo mas esqueça
Mas deixe os Céus cuidarem disso, tudo de uma só vez quando surgirem
Não tocado, mas sim tomado; não desperto, mas inspirado!
Oh venha! Oh ensina-me a essência do auto-controle
Renuncio meu amor, minha vida, eu mesmo - e você
Vou preencher meu coração somente com Deus, pois somente ele
pode te substituir
Quão feliz é o imaculado salário da sacerdotisa de Vesta!
O mundo a esquecendo, esquecida pelo mundo.
Eterno brilho de uma mente sem lembranças!

Todas as preces aceitas, todas as tentações abandonadas;
Trabalho e descanço, mantidos em turnos iguais;
"Sonâmbulos obedientes que podem acordar e lamentar"
Desejos fomentados, afetos sempre correspondidos
Lágrimas que deleitam, e suspiros suavemente endereçados aos Céus
A graça a revolve com serenos lampejos,
E anjos murmuram-lhe sonhos dourados.
Pois para ela a eterna rosa do Éden floresce,
E asas de serafins exalam perfumes divinos,
Para ela o esposo prepara o anel de noivado
Para ela virgens alvas cantam o himeneu
Ela se desfaz ao som das arpas celestiais
E derrete às visões do dia eterno.
Por mais distantes sonhos minha alma pecadora vaga
Muitos outros arrebatamentos, de gozo profano
Quando do término de cada dia triste e melancólico
Fantasia restaura o que a vingança me roubou
Então a consciência adormece, libertando a natureza
Minha alma inteira, liberta, avança em tua direção
Oh maldita, caros horrores de uma noite em claro
como a clara culpa exalta o extremo gozo!
Fazendo com que demônios removam os grilhões,
E me fustiguem-me com todo dia de paixão
Eu te ouço, te vejo, exalto sobre todos seus encantos
E ao redor de teu espectro envolvo meus braços num abraço apertado
Eu acordo - e nada mais ouço!Nada mais vejo!
Teu espectro me escapa, tão desagradável quanto você
Eu chamo em altos brados; não sou ouvido
Estico meus braços sem ti; ele desliza para longe de mim
Querendo sonhar isso de novo, fecho com vigor meus olhos;
Ó doces ilusões, doces decepções, venham!
Droga! não mais - parece-me que vagamos
através de tristes escombros, e lamentamos nossas penúrias
Onde ao redor de uma torre esmaecida pelo tempo, hera doente espreita,
Pedras no piso da torre inclinam-se, balançando, sobre o precipício
De repente você se materializa, aparece triunfal através dos céus
Nuvens se amontoam, ondas rugem, e ventos surgem
Eu solto uma gargalhada, é sempre o mesmo resultado
E acordo de volta a todos os pesares que havia deixado pra trás
Para ti as deusas do destino, em demasia brandas, ordenam
Uma suspensão gélida, tanto do prazer como da dor
Tua vida uma longa mansidão morta de repouso estabelecido
Sem pulso que agita, sem sangue que dá vida
Calmo como o mar, antes dos ventos saberem inflar
Ou o Espírito Santo ordenar movimento às aguas
Suave como os devotos de um santo, perdoados
E gentis como as primeiras luzes do paraíso prometido.
Venha Abelardo! Que tens a temer?
A tocha de Venus não está acesa para os mortos
A natureza está em cheque; A religião desaprova;
Ainda que a arte esfrie - Eloisa ainda ama
Ah chamas sem esperança, ainda resistindo! Iguais àquelas que queimam...
...para guiar os mortos, e aquecer o receptáculo estéril
Que cenas vejo para onde quer que meus olhos fitem?
As caras idéias, onde eu vôo, persigo,
Elevem-se na mata, antes mesmo do altar se erguer
Permeia, mancha minha alma, mostra-se provocantes diante de meus olhos
Desperdiço minha primeira vigília em suspiros por ti,
Tua imagem se interpõe entre meu Deus e eu
Tua voz eu contemplo em todos os hinos
A cada conta do rosário eu derramos uma suave lágrima
Quando do incensário nuvens de fragrância se elevam,
E órgãos num crescente elevam o espírito,
Um único pensamento acerca de ti põe os relicários a voar,
Padres, velas, templos, nadam diante de mim
Em mares de chamas minha alma em fuga é mergulhada,
Enquanto altares brilham, e anjos vibram.
Enquanto me deito aqui, prostrada, em humilde pesar
Delicadas, virtuosas gotas se acumulam em meus olhos,
Enquanto eu rezo, tremendo, no pó eu rolo,
E uma crescente graça está se criando em minha alma:
Venha, se tem coragem, tão encantador como tua astúcia!
Desafia o próprio Céu; lute pelo meu coração;
Venha, com um relance daqueles olhos enganadores
Apague cada idéia brilhante dos céus;
Retome aquela graça, aquelas melancolias, aquelas lágrimas;
Retome aquela penitência inútil e orações;
Agarre-me, rapte-me da graça continuada;
Ajude os demônios, e arranque-me de meu Deus!
Não, voe comigo, tanto quanto de pólo a pólo;
Eleve uma montanha entre nós!Um oceano inteiro apareça!
Ah, não venha, não escreva, não pense, pelo menos uma vez, por mim,
Nem compartilhe nem mesmo um repentino pedaço do que eu sinto por ti
Renego teus juramentos, desisto de tuas lembranças
Esqueça, me renuncie, deteste tudo o que me é relacionado
Olhos bonitos, e olhares tentadores os quais ainda vejo!
Por muito amado, idéias adoradas, a tudo isso 'adieu' adeus!
Oh serena graça!Oh virtude tão bela!
Divino limbo de atenções irresponsáveis!
Esperança renovada, graciosa filha do céu!
E fé, nossa recente imortalidade!
Entre, cada convidade gentil e amigo;
Receba, e embrulhe-me em descanso eterno!
Veja, em sua clausura a triste Eloisa se esparrama,
Escorada em alguma tumba, uma vizinha aos mortos.
Cada brisa parece-me um chamado sobrenatural,
E mais do que ecos falam ao longo das paredes.
Aqui, enquanto observei as lâmpadas a se apagarem,
Além do altar eu escutei um som tenebroso.
"Venha irmã, venha!" ele disse, ou pareceu dizer
"Teu lugar é aqui, triste irmã, saia daí!
Uma vez, como tu, eu tremi, lamentei, e orei,
Ora uma vítima do amor, agora uma santa serva:
Mas tudo é calmo neste sono eterno;
Aqui o pesar se esquece de grunir, e o amor de lamentar,
Até mesmo a superstição perde todos seus medos:
Pois Deus, e não o Homem, absolve-nos de nossas faltas aqui."
Eu vou, eu vou!Prepare suas doces reverências,
Palmas celestiais, e suas flores sempre desabrochadas.
Lá, onde pecadores podem encontrar descanso, eu vou,
Onde as chamas se purificam em colos de brilho de serafins:
Tu, Abelardo!O último e triste salário da labuta,
e suaviza minha passagem para os domínios do dia;
Veja meus lábios tremerem, meus olhos revolverem nas órbitas,
Absorva meu último suspiro, e segure minha alma errante!
Ah não - em vestes sacras deves ficar,
A trêmula vela sacra em tuas mãos,
Apresenta o crucifixo aos meus olhos postados ao alto,
Ensina-me de uma vez, e aprende comigo a morrer.
Ah então, tua uma vez amada Eloisa veja!
Então não será uma crime fitar-me.
Veja o rubor de minha face esvaecer-se!
Veja o último lampejo morrer em meus olhos!
Até que todo movimento, pulso e respiro cessem;
E até mesmo cesse meu amor por Abelardo.
Oh morte, eloqüente suprema! Você somente nos prova
nossa afinidade ao pó, quando o nosso amor é terreno
Então também, quando o destino corroer tua beleza,
Isso é a causa de toda minha culpa, e também de minha satisfação
Que num transe extasiante todas suas nostalgias se afoguem,
Desçam nuvens claras, e anjos observem-na a girar,
Dos Céus abertos brilhem fulgores de glória,
E santos te abracem com amor semelhante ao meu
Que uma morte tranqüila una cada nome infeliz,
E conecte meu amor eterno à tua fama!
Então, após eras, quando todos meus infortúnios estarão findos,
Quando este coração rebelde não mais bater;
Se por acaso dois amores errantes se encontrarem
nas parede brancas do Paráclito e amanheceres prateados,
Sobre pálido mármore eles encontram suavemente suas cabeças,
E tomam-se suas lágrimas derramadas, um a de outro;
Então digam tristemente, com pena mútua,
"Oh, que nós nunca amemos como estes amaram!"
Do pleno coro, quando altas Hosanas surgirem,
E encherem os relicários de sacrifício horripilante,
No meio dessa cena, se algum olho sereno
notar de relance, na pedra onde nossas gélidas relíquias repousam,
A própria devoção deve roubar um pensamento dos Céus,
Uma lágrima humana correrá, e será perdoada.
E claro, se o destino provocar em algum futuro poeta
Similares e tristes pesares, iguais aos meus,
Condenando-o a anos inteiros de solidão dignos de pena,
e ídolos que ele não deve mais venerar;
Se assim acontecer, quem assim tanto ama, tão bem;
Contem-lhe nossa triste e delicada estória;
Os infortúnios bem declamados tranquilizarão meu fantasma atribulado;
Ele poderá no máximo descrevê-los, aquele que os sente...

P.S.: Toda e qualquer semelhança é mera coincidência rsrs

terça-feira, 1 de julho de 2008

"Alma Partida"


Ela estava partida entre seus desejos
Em seu olhar, eu senti o medo
Passos atraentes, ela escutou
Sua vida inteira, ela recordou

De seu diário rasgado ela resgatou
Formas eternas de um grande amor
Do vaso quebrado, que ela ganhou
A flor mais bela, agora murchou

Do quadro pintado, nada mais restou
Seu amor a vida, já se esgotou
Navalhas dilacerando os seus pulsos
Uma mistura de prazer e dor.

Sombra da morte venha a mim
Agora eu sei, que é o fim
Da janela do quarto, vejo a estrela mais linda
Me dizendo: não se vá!

O silêncio ouviu a minha solidão
Tudo que resta agora, é a razão
Razão de coisas que eu fiz
De uma alma, que nunca foi feliz
- No fundo do poço a escuridão
O anjo negro me crucificou
O Sofrimento eterno, agora restou.


(Carlos Valmor Decesaro - 1999)

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Begins

"Michael: - First kiss time?
Donna: - Will you still love me in the morning?
Michael: - Forever & ever, babe"

(Diálogo entre Adam Sandler e Kate Beckinsale em Click)

Mais do mesmo


"Feliz é o destino da inocente vestal/ Esquecida pelo mundo que ela esqueceu/Brilho eterno da mente sem lembrança!"

Eloisa to Abelard, de Alexander Pope (1688-1744)


"Abençoados os que esquecem, porque aproveitam até mesmo seus equívocos"

Friedrich Nietzsche (1844-1900)

Lacuna Inc.


"-Joely?
- Sim, Tangerine?
- Eu sou feia? Quando criança eu me achava feia... Não acredito que estou chorando...
Às vezes acho que as pessoas não entendem a solidão de ser criança, como se você não fosse importante. Eu tinha oito anos e tinha esses brinquedos, essas bonecas.... A minha preferida eu chamava de Clementine, e eu gritava com ela: “Não pode ser feia, seja bonita!”. Estranho como se, caso eu pudesse transformá-la, eu também mudaria, magicamente.
- Você é linda!
- Joely. Nunca me deixe.
- Tangerine você é linda...
- Mierzwiak, por favor, por favor, deixe-me guardar esta lembrança. Só esta..! "

(Trecho de 'Eternal Sunshine Of The Spotless Mind')


-_-'

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Já não me importo


"Já não me importo
Até com o que amo ou creio amar.
Sou um navio que chegou a um porto
E cujo movimento é ali estar.

Nada me resta
Do que quis ou achei.
Cheguei da festa
Como fui para lá ou ainda irei

Indiferente
A quem sou ou suponho que mal sou,

Fito a gente
Que me rodeia e sempre rodeou,

Com um olhar
Que, sem o poder ver,
Sei que é sem ar
De olhar a valer.

E só me não cansa
O que a brisa me traz
De súbita mudança
No que nada me faz".

(Fernando Pessoa)

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Confusion


"O que eu sinto, eu não ajo.
O que ajo, não penso.
O que penso, não sinto.
Do que sei, sou ignorante.
Do que sinto, não ignoro.
Não me entendo e ajo como se me entendesse"

Clarice Lispector

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Morte Morrerás!

"Morte, não te orgulhes, embora alguns te provem
Poderosa, temível, pois não és assim,
Pobre morte: não poderás matar-me a mim,
E os que presumes que derrubaste, não morrem.
Se tuas imagens, sono e repouso, nos podem
Dar prazer, quem sabe mais nos darás? Enfim,
Descansar corpos, liberar almas, é ruim?
Por isso, cedo os melhores homens te escolhem.
És escrava do fado, de reis, do suicida;
Com guerras, veneno, doença hás de conviver;
Ópios e mágicas também têm teu poder
De fazer dormir. E te inflas envaidecida?
Após curto sono, acorda eterno o que jaz,
E a morte já não é; morte, tu morrerás".


(John Donne)

terça-feira, 6 de maio de 2008

Metade


"...Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é a platéia
A outra metade é a canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também".

[Oswaldo Montenegro-Metade]

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Parabólica


"Ela pára e fica alí parada
Olha-se para nada
Paraná

Fica parecida paraguaia
Para-raios em dia de sol
Para mim

Prenda minha parabólica
Princesinha parabólica
O pecado mora ao lado
Paraíso
Paira no ar

Pecados no paraíso

Se a tv estiver fora do ar
Quando passarem os melhores momentos da sua vida
Pela janela alguém estará
De olho em você
Paranóica

Prenda minha parabólica
Princesinha clarabólica
Paralelas que se cruzam
Em belém do pará

Longe, longe, longe
Aqui do lado
Paradoxo
Nada nos separa

Eu paro e fico aqui parado
Olho-me para longe
A distância nao separabólica"

Humberto Gessinger

terça-feira, 29 de abril de 2008


Desmancha o nó, tira a ferrugem,espana o pó.
Empurra o pesado,cola o quebrado, cerze o rompido,
coça a coceira,gruda o trincado,pensa o ardido
e faz brincadeira do verso chorado;
que a vida é rendeirade sedas ou trapos,
de rendas, farraposou fios de algodão;
que a fibra é comprida e o mundo artesão.
(Flora Figueiredo)

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Pensei



Que eu seria boa mesmo se não fizesse nada
Que eu seria boa mesmo se tivesse os polegares abaixados
Que eu seria boa se ficasse e continuasse doente
Que eu seria boa mesmo se engordasse 5 quilos
Que eu seria ótima mesmo se ficasse falida
Que eu seria boa se perdesse meus cabelos e minha juventude
Que eu seria formidável se não fosse mais rainha
Que eu seria maravilhosa se não fosse sabe-tudo
Que eu seria amada mesmo quando entorpeço a mim mesma
Que eu seria boa mesmo quando estou subjulgada
Que eu seria amada mesmo quando estivesse enfurecida
Que eu seria boa mesmo se estivesse agarrada
Que eu seria boa mesmo se perdesse a sanidade

domingo, 27 de abril de 2008

Vocês ainda nem sabem

Quanto mais olho, menos eu vejo
Quanto mais ando, menos eu chego
Quanto mais falo, menos eu digo
Quanto mais tento, menos eu consigo
Vocês ainda vão se amar
Ainda que tenham que cobrar pra se entregar

Quanto mais peço, menos eu ganho
Quanto mais faço, menos eu acho
Quanto mais quero, menos eu tenho
Quanto mais penso, menos eu entendo

Vocês ainda vão se olhar
Ainda que tenham que chorar pra se enxergar

Livres para escolher, prontos para a indecisão
Livres para arriscar, prontos para a decepção
Nada no bolso ou nas mãos

Quanto mais fujo, menos me escondo
Quanto mais corro, menos alcanço
Quanto mais leio, menos aprendo
Quanto mais durmo, menos eu descanso

Vocês ainda vão se ouvir
Ainda que tenham que gritar pra se escutar

Livres para escolher, prontos para indecisão
Livres para arriscar, prontos para a decepção
Prontos pra contradição
Vocês ainda vão se amar...

sábado, 19 de abril de 2008

Fiat Lux!



"Aquele que a Alegria a si próprio ata,
A vida alada, de fato, mata.
Aquele que beija a Alegria voando em velocidade,
Vive na alvorada da Eternidade"

Willian Blake