terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Quando eu for uma mulher idosa serei livre


Quando eu for uma mulher idosa,
vou usar a cor roxa,
com um chapéu vermelho que não me fica bem e não me serve.

E gastarei o dinheiro da minha pensão em doces,
revistas em quadrinhos,
e direi que não temos dinheiro para a manteiga.

Vou sentar-me na calçada quando estiver cansada
Passar minha bengala pelas grades dos jardins públicos
E maquilar-me para a sabedoria de minha juventude
Vou sair de chinelos na chuva
E arrancar flores do jardim dos outros
E aprender a cuspir

Penso só:
Você pode usar camisas horríveis e ficar mais gordo
E comer um quilo de salsicha de uma vez
Ou somente pão com margarina durante uma semana
E poderá amontoar canetas, lápis,
suportes para copos e outras coisas em caixas

Mas agora precisamos ter roupas que nos mantenham secos
Pagar nosso aluguel e não praguejar nas ruas
E dar bom exemplo às crianças
Precisamos convidar amigos para o jantar e ler jornais

Mas talvez eu deva praticar um pouco agora
De modo que as pessoas que me conhecem não
fiquem muito chocadas e surpresas
quando eu ficar velha e começar a usar a cor roxa.

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