Caio
“Quando morrer, é possível que alguém, ao ler estes descosidos monólogos, leia o que sente sem o saber dizer, que essa coisa tão rara neste mundo - uma alma - se debruce com um pouco de piedade, um pouco de compreensão, em silêncio, sobre o que eu fui ou o que julguei ser. E realize o que eu não pude: conhecer-me”. Florbela Espanca
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Insuspeitadamente
Caio
Acontece
Então "Não chegaram a usar palavras como especial, diferente ou qualquer outra assim. Apesar de, sem efusões, terem se reconhecido no primeiro segundo do primeiro minuto. Acontece porém que não tinham preparo algum para dar nome às emoções, nem mesmo para tentar entendê-las. "
Porque "É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada. Não há nada a ser esperado. Nem desesperado."
É que "Num deserto de almas tambem desertas - uma alma especial reconhece de imediato a outra"
Caio Fernando Abreu em "Pensamento"
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Deixai
Sem que sejam forjados para acontecer
Deixai que os olhos vejam os pequenos detalhes
Lentamente deixai que as coisas que lhe circundam
Estejam sempre inertes como móveis
Inofensivos para lhe servir quando for preciso
E nunca lhe causar danos
Sejam eles morais, físicos ou psicológicos.
domingo, 26 de julho de 2009
Happiness is only real when shared
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Mad World
Tudo ao meu redor são rostos gastos
Lugares gastos, rostos cansados
Claros e resplandecentes para suas corridas diárias
Indo a lugar nenhum, indo a lugar nenhum
As lágrimas deles estão enchendo seus copos
Sem expressão, sem expressão
Escondo minha cabeça, quero afogar minha tristeza
Sem futuro, sem futuro
E eu acho de certa forma engraçado
Eu acho de certa forma triste
Os sonhos nos quais estou morrendo
São os melhores que já tive
Eu acho difícil te dizer
Porque acho difícil agüentar
Quando as pessoas correm em círculos
É um mundo muito, muito louco
Crianças esperando pelo dia em que elas se sintam bem
Feliz Aniversário, Feliz Aniversário
Feito pra ser do jeito que toda criança deveria ter
Sente e ouça, sente e ouça
Fui pra escola e eu estava muito nervoso
Ninguém me conhecia, ninguém me conhecia
Agora professor, diga qual é minha lição.
Olhe bem através de mim, olhe bem através de mim
O que me interessa
Não me interessa saber se você tem recursos...
Quero saber o que mais deseja e se ousa sonhar.
Não me interessa saber sua idade...
Quero saber se você correria o risco de parecer infantil por amor.
Não me interessa saber sua maturidade...
Quero saber se você é capaz de conviver com a alegria, a minha ou a sua.
Não me interessa saber se está certo...
Quero saber se é capaz de desapontar o outro para manter-se fiel ao ideal que acredita.
Não me interessa saber da vitória...
Quero saber se você consegue viver com o fracasso, o seu e o meu, e ainda assim pôr-se de pé e tentar.
Não me interessa saber sua postura...
Quero saber se você consegue abrir os braços e permitir-se voar.
Porque a vida é feita de possibilidades, não de fatos.
terça-feira, 21 de julho de 2009
Superfície
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Composição
Não, talvez seja tão grande assim porque nós somos grandes, e porque a vida é imensa. Essa cidade que me instiga cada vez mais os sentimentos. Imensa e tão pouca. Tão pouca e tão imensa
Você foi, você é, você será, nunca será como eu. Eu nunca serei como ti, ou como mais ninguém. Você é luz que me ilumina, mas só na superfície de alguns anos. Depois que você corroi minha pele, não haverá mais o que corroer, e ai eu adquiro novo aspecto.
Eu conheço você, você me conhece. Talvez não. Talvez sim. E o niilismo de você e de mim, é da nossa inteira composição poética e amorosa.
Caio
Fly
O mundo fora de minha cabeça tem janelas, telhados, nuvens e aqueles bichos brancos lá embaixo. Sobre eles, não se detenha demasiado, pois correrá o risco de transpassá-los com o olhar ou ver neles o que eles próprios não vêem, e isso seria tão perigoso para ti quanto para mim violar sepulcros seculares, mas, sendo uma borboleta, não será muito difícil evitá-lo: bastará esvoaçar sobre as cabeças, nunca pousar nelas, pois pousando correrás o risco de ser novamente envolvida pelos cabelos e reabsorvida pelos cérebros pantanosos e, se isso for inevitável, por descuido ou aventura, não deverás te torturar demasiado, de nada adiantaria, procura acalmar-te e deslizar pra dentro dos tais cérebros o mais suavemente possível, para não seres triturada pelas arestas dos pensamentos, e tudo é natural, basta não teres medos excessivos. trata-se apenas de preservar o azul das tuas asas.
[Caio Fernando Abreu]
Here
Patience
"Porque já não temos mais idade para,
dramaticamente, usarmos palavras
grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca".
Ninguém sabe como, mas aos poucos
fomos aprendendo sobre a continuidade
da vida, das pessoas e das coisas. Já não
Contidamente continuamos. E substituímos
expressões fatais como "não resistirei" por
outras mais mansas, como "sei que vai passar".
Esse é o nosso jeito de continuar, o mais
eficiente e também o mais cômodo, porque
não implica em decisões, apenas em paciência.”
Naúfrago
domingo, 19 de julho de 2009
Racionalização
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Together
Caio
Secret place
Caio A.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Já faz algum tempo...
Nenhum motivo me corrói
Até se eu ficar só na vontade, já não dói
Nenhuma doutrina me convence
Nenhuma resposta me satisfaz
Nem mesmo o tédio me surpreende mais
Mas eu sinto que eu tô viva a cada banho de chuva que chega molhando meu corpo
Nenhum sofrimento me comove
Nenhum programa me distrai
Eu ouvi promessas e isso não me atrai
E não há razão que me governe
Nenhuma lei prá me guiar
Eu tô exatamente aonde eu queria estar
A minha alma nem me lembro mais em que esquina se perdeu ou em que mundo se enfiou
Mas já faz algum tempo
Já faz algum tempo
Faz algum tempo...
Mas eu não tenho pressa
Já não tenho pressa
Eu não tenho pressa
Não tenho pressa
O que eu quero ainda não tem nome...
que soubesse o que sentisse.
Sempre quis um amor
Que elaborasse
Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo
no clarão da amanhecice.
Sempre quis um amor
que coubesse no que me disse.
Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor
uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
do macho
quanto a sabedoria do sabedor.
Sempre quis um amor cujo
"bom dia!"
morasse na eternidade de encadear os tempos:
passado presente futuro
coisa da mesma embocadura
sabor da mesma golada.
Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexa
do pano de fundo dos seres
não assustasse.
Sempre quis um amor
que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.
Sempre quis um amor
que não se chateasse
diante das diferenças.
Agora, diante da encomenda
metade de mim rasga afoita
o embrulho
e a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,
é observar
o desenho
do invólucro e compará-lo
com a calma da alma
o seu conteúdo.
Contudo, sempre quis um amor
que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulta
que ora eu fosse fácil, séria
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultra-sonografia do furor,
sempre quis um amor
que sem tensa-corrida ocorresse.
Sempre quis um amor
que acontecesse
sem esforço
sem medo da inspiração
por ele acabar.
Sempre quis um amor
de abafar,
(não o caso)
mas cuja demora de acaso
estivesse imensamente
nas nossas mãos.
Sem senãos.
Sempre quis um amor
com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.
Eu sempre disse não
à constituição dos séculos
que diz que o “garantido” amor
é a sua negação.
Sempre quis um amor
que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse.
Sempre quis um amor
que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.
Sempre quis um amor não omisso
e que suas estórias me contasse.
Ah, eu sempre quis um amor que amasse"
(Elisa Lucinda)
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Eu quis duvidar...
"Eu encontrei-o quando não quis
mais procurar o amor
E até quem me vê lendo jornal
na fila do pão sabe que eu te encontrei
Eu encontrei-o e quis duvidar
tanto clichê
deve não ser
Você me falou
pra eu não me preocupar
E só de te ver
eu penso em trocar
a minha tv num jeito de te levar
a qualquer lugar
que pra nós dois
sair de casa já é
se aventurar
Ah vai, me diz o que é o sossego
que eu te mostro alguém afim de te acompanhar
E se o tempo for te levar eu sigo essa hora
eu pego carona
pra te acompanhar..."
Don't let it get away...
"E Ela Tinha…. suspirado
Tinha beijado o papel devotamente.
Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades
E o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas
Como um corpo ressequido que se estira num banho tépido.
Sentia um acréscimo de estima por si mesma,
E parecia-lhe que entrava enfim
Numa existência superiormente interessante
Onde cada hora tinha o seu encanto diferente
Cada passo conduzia a um êxtase
E a alma se cobria de um luxo radioso de sensações"
Arnaldo Antunes
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Bolha
Caio A. em Itinerário