
"Quanto mais claro/ Vejo em mim, mais escuro é o que vejo./ Quanto mais compreendo/ Menos me sinto compreendido./ Ó horror paradoxal deste pensar... " Fernando Pessoa
“Quando morrer, é possível que alguém, ao ler estes descosidos monólogos, leia o que sente sem o saber dizer, que essa coisa tão rara neste mundo - uma alma - se debruce com um pouco de piedade, um pouco de compreensão, em silêncio, sobre o que eu fui ou o que julguei ser. E realize o que eu não pude: conhecer-me”. Florbela Espanca
Nada me expira já, nada me vive
Nem a tristeza nem as horas belas.
De as não ter e de nunca vir a tê-las,
Fartam- me até as coisas que não tive.
Como eu quisera, enfim de alma esquecida,
Dormir em paz num leito de hospital...
Cansei dentro de mim, cansei a vida
De tanto a divagar em luz irreal.
Outrora imaginei escalar os céus
À força de ambição e nostalgia,
E doente-de-Novo, fui-me Deus
No grande rastro fulvo que me ardia.
Parti. Mas logo regressei à dor,
Pois tudo me ruiu... Tudo era igual:
A quimera, cingida, era real,
A própria maravilha tinha cor!
Ecoando-me em silêncio, a noite escura
Baixou-me assim na queda sem remédio;
Eu próprio me raguei na profundura,
Me sequei todo, endureci de tédio.
E só me resta hoje uma alegria:
É que, de tão iguais e tão vazios,
Os instantes me esvoam dia a dia
Cada vez mais velozes, mais esguios...
[Mário de Sá-Carneiro]
Procuro um lugar
Não sei se neste ou noutro mundo
Num mundo onde andei
A vida escondeu
No esquecimento mais profundo
Alguém que hoje sou eu
Penso que assim, então
Melhor eu me mandar
Saio cansada e vou, perdida pela rua
Dizendo que o tempo vai levar pra longe tudo que passou
E assim vou vivendo
Pra lembrar quem eu sou
Pra salvar o que ainda restou, do meu tempo
E assim vou vivendo
Eu não sou eu
Procuro por mim
E sei que estou longe
Mas quando eu vejo, então
Esqueço tudo e nada
Parece tão sério assim
Eu volto pra casa
E depois fico a me perder
Dizendo que o tempo vai levar pra longe tudo que passou
E assim vou vivendo
Pra tentar achar a si mesmo
Alguém que não olha pra trás
Não sabe ver
O que a vida fez
Cedo ou tarde encontra o segredo
Pra lembrar quem eu sou
Pra salvar o que ainda restou, do meu tempo
E assim vou vivendo
(Fusão adaptada do original "Do Nosso Tempo" e
"À La Recherche" de Duka Leindecker)
"Alguém cai aos pedaços
dormindo sozinho
Alguém mata a dor
girando no silêncio
pra finalmente ir pra longe
Alguém se alegra
numa capela
Apanha um buquê
Outro coloca uma dúzia
de rosas brancas sobre um túmulo
Alguém encontra salvação
em todo mundo
Outro, apenas dor
Alguém tenta se esconder
Por dentro ele ora
Alguém jura verdadeiro amor
Até o fim dos tempos
Outro, foge
Separados ou juntos
Saudáveis ou loucos
Mesmo tendo pago o suficiente,
tendo rompido
sendo impedido
toda simples memória
do que poderia ter sido
traços de amor
Não perca o sono essa noite
tenho certeza de que tudo terminará bem
Você pode ganhar ou perder
Mas ser você mesmo é tudo o que você pode fazer"
(Chris Cornell)
"Oh, it's a mystery to me
We have a greed with which we have agreed
And you think you have to want more than you need
Until you have it all you won't be free
When you want more than you have
You think you need...
And when you think more than you want
Your thoughts begin to bleed
I think I need to find a bigger place
Because when you have more than you think
You need more space
There's those thinking, more-or-less, less is more
But if less is more, how you keeping score?
Means for every point you make, your level drops
Kinda like you're starting from the top
You can't do that...
Society, have mercy on me
Hope you're not angry if I disagree...
Society, crazy indeed
Hope you're not lonely without me..."